Up, not Down – Andreia Paes de Vasconcellos

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Up, not Down – Andreia Paes de Vasconcellos

 

 

A Andreia é licenciada em Comunicação Empresarial, Mãe de três filhos! 🙂

http://bit.ly/playlab02

Em 2014 teve um filho com Trissomia 21 e desde aí que luta diariamente para que o seu filho cresça feliz e numa sociedade inclusiva.

Estudou sobre todo o tipo de terapias para que o filho pudesse crescer de uma forma natural.

Formação no método Glenn Doman, pelo Instituto VegaKids, em Madrid.

Autora do Blog Tomás My Special Baby e do livro Tomás – Maternidade, Trissomia e Amor.

A Andreia tem uma força e positividade notáveis que muito nos inspira.

Visite as suas páginas e não perca este novo episódio do Dicionário das Crianças.

 

http://www.tomasmyspecialbaby.com/

 

Olá Andreia.

 

Olá Nuno.

 

Antes de mais, muitos parabéns pelo bebé que vem aí.

 

Obrigada obrigada.

 

Ainda não tinha a oportunidade de lhe dar os parabéns, que felicidade não é?

 

Bem-vinda aos quatro filhos.

 

É verdade é verdade, uma família bastante numerosa.

 

Um máximo.

Olhe, muito obrigado por este bocadinho.

Queria-lhe agradecer a si e à sua família por estes minutos do domingo, que vos estou a subtrair, nós temos muita gente com vontade de a ouvir e portanto quero agradecer também à Catarina Saraiva por nos teres posto em contacto da Catarina do Gymboree de Carnaxide.

E queria agradecer à Inês Marques, que é uma amiga da Oficina da Psicologia que me ajudou a preparar este podcast.

 

Ok.

 

Que também a segue.

Andreia, antes de mais, como está e como é que tem vivido estes tempos de pandemia?

Se já conseguiu voltar ao normal, à sua rotina, como é que tem sido estes últimos tempos?

 

É assim eu costumo dizer que eu vivo de uma forma normal dentro desta normalidade.

Que eu acho que viver no normal do antigamente, acho que estamos longe que isso aconteça.

Eu tentei foi adaptar me aos tempos, tendo uma consciência que tenho três filhos muito pequeninos em casa e que eles não voltam a ter esta idade.

Portanto eu não quis de todo e não aceitei que nos enclauseracemos em casa e que eles deixassem de ter tudo o que devem de ter, porque é o que eu costumo dizer, nós adultos é mais uma viagem menos uma viagem podemos fazer num ano, fazemos daqui a dois anos e está tudo bem.

Mas eles não voltam a ter cinco anos, não voltam a ter seis, nem vão voltar a ter dois.

E há coisas que eles só podem viver nestas idades, por isso eu tento viver o mais dentro do normal, da normalidade, aparente esta situação que nós temos.

Há coisas que infelizmente eu não consigo mesmo fazer, como ir por exemplo a um musical com os meus filhos, ir a um teatro, porque infelizmente isso foi tudo cortado, estas actividades para as crianças.

Mas tento fazer o máximo de experiências na mesma dentro das medidas de segurança que existem.

Por acaso no natal houve alguns teatros e eu aproveitei e fui porque de facto eu comecei a ver que a minha filha com 18 meses nunca tinha ido a um musical, nunca tinha ido a um teatro.

Mesmo ao gymboree ela já deixou de ir, porque infelizmente também já não estão a fazer ao sábado e entretanto com a minha vida eu não consigo ir durante a semana.

E custa-me imenso que ela está a perder imenso, comparativamente com os irmãos que já tinham feito nesta idade.

E também tendo o Tomás e o Francisco não sintam o menos possível esta pandemia, porque eu acho que as crianças são sem dúvida os grandes heróis desta pandemia.

 

Totalmente.

Nós também sentimos essa dor e pronto, até recentemente para tentar aproximar as famílias criamos um programa online e eu sei que a Catarina fez um programa ao vivo com elas muito giras.

Mas eu também terei muito gosto em enviar uns vouchers das nossas aulas gravadas, temos agora quase 200 aulas gravadas de Gymboree, que podem fazer em casa.

 

Ok.

 

Se é uma boa aproximação do que…

 

Sim!

 

Eventualmente se poderia fazer.

Andreia, eu sei que a sua comunicação é empresarial, como é que chegou até aqui?

Agora tem um blog com uma escrita sublime, é viciante até, escreve espetacularmente bem. Mas como é que foi dado este salto?

Eu percebo que o blog nasceu com o Tomás, mas antes nunca tinha tido apetite pela escrita?

 

Não nunca, pelo contrário, nunca gostei, por exemplo quando era os trabalhos da faculdade e tudo, eu confesso que não era a pessoa responsável pela parte de formar textos, fugia um bocadinho daí, não sei.

Depois de facto o Tomás nasceu e tive essa necessidade de ter um blog onde mostrasse para a sociedade o que era na realidade ter um filho com trissomia 21.

Porque eu acho que há pessoas que sabem o que é trissomia 21 são os pais.

Porque de facto infelizmente à parte médica ainda está muito pouco informada sobre o assunto, acho que agora…

Apareceu me aqui uma janelinha.

Estão muito pouco informados sobre o que é trissomia 21 e muitas vezes transmitem o pior cenário, quando isso não acontece.

Quando eu comecei a perceber que o Tomás com um mês, com dois estava a fazer tudo que uma criança supostamente deveria estar a fazer, ele comia, ele chorava, ele mamava, pronta ele fazia praticamente tudo.

Porque é que tinham dado uma sentença tão grande para o Tomás?

Eu tive essa necessidade pra mostrar o que era na realidade a trissomia 21 e daí ter surgido o blog.

 

 

Muito bem.

Falando então no Tomás e no nascimento do Tomás que foi seguramente um evento importante.

 

Sim.

 

Como é que se lida com uma surpresa desta natureza?

 

Bem, eu também tenho uma coisa acho eu, muito boa em mim que é de personalidade que sou muito positiva.

E lembro-me e felizmente também tenho uma estrutura familiar muito sólida.

O que também me permite muitas vezes ter estas ferramentas de talvez para ser também positiva.

Eu lembro-me que quando o Tomás nasceu, foi o primeiro embate que eu tive na minha vida.

Portanto com 30 anos que me tinha fugido o meu controle.

Mas lembro-me de ter criado em mim logo a ferramenta, de isso não me afetar negativamente.

Ora isto não quer dizer que eu não sofri, claro que eu sofri, eu também chorei, também tive os meus momentos, mas lembro-me que ainda estávamos no bloco de partes, pronto.

Quando eu senti que o Tomás tinha trissomia 21 e ainda não havia certezas nenhuma de pensar.

Eu estava num buraco muito escuro pela primeira vez em que eu tinha que ganhar força interior para voltar ao de cima, não poderia ser de todo a trissomia do meu filho ou a condição do Tomás, que me iria perder a felicidade.

Porque eu sempre fui uma pessoa feliz e muito positiva.

Portanto não é, não podia ser de todo isto, que me tornasse infeliz, porque eu acho que a felicidade depende exclusivamente de nós.

Tudo o resto depois entretanto vem por acréscimo, mas somos nós que mandamos na nossa felicidade, porque eu podia ter escolhido o caminho da infelicidade, eu podia ter escolhido o caminho da lamentação e de me refugiar em mim própria e não queria saber dos… não falar mais com os meus amigos e afastar-me de tudo, mas eu própria recusei essa situação.

O Tomás estava cá, não havia tempo a perder, não havia tempo para chorar, o caminho  era agora em frente e vamos é arranjar mecanismos para tornar esta coisa menos boa numa coisa normal e positiva e basicamente foi assim.

Mas eu acho que isto tem muito a ver com a minha forma de ser.

 

Definitivamente eu destacava a tua positividade que é realmente notável, está até no título deste podcast, que não foi fácil encontrar.

Mas foi precisamente a Inês que nos ajudou a chegar aqui a este contexto, realmente é que fantástico.

Porque a Andreia destaca-se por essa positividade, as nossas professoras, a nossa equipa quando teve a ler, a reler o seu blog muitas pessoas que já seguem.

Destacavam sempre isso.

Uma pessoa com ama positividade incrível, uma inspiração e pronto.

Imagino que seja mais fácil uma surpresa nesse contexto

 

Sim.

Até porque ninguém está preparado para independentemente de tudo, ninguém está preparado. Ainda para mais o Tomás foi o primeiro filho, foi o primeiro neto, o primeiro sobrinho, portanto havia muito aquela expectativa do sonho da parte cor-de-rosa, da maternidade, em que em segundos nos foi roubada.

Portanto…

 

Eu tenho aqui uma pergunta que parece que é feita para si, mas eu acho que é feita para todos os pais. Porque todos nós uma forma ou de outra, mesmo de forma subconsciente temos que lidar com um filho que não é às vezes o que idealizamos.

 

Sim.

Portanto há o luto do filho idealizado e é um bocadinho esse desafio que eu lhe colocava.

Tinha grandes expectativas em relação ao Tomás?

Foi algo que construiu e que depois teve de se confrontar com outra realidade?

Em relação ao Francisco e a constância agora esta aqui que vem.

Mudou alguma coisa em termos de idealização ou está mais flexível e mais vá lá, desperta para aceitar a realidade como ela se apresentar?

 

Sim, aqui a questão foi que, eu dei uma dei me, deixei, ou seja, o Tomás ensinou-me a viver a vida de outra forma, com outro ritmo, sem grandes expectativas e se há coisa que o Tomás me ensinou foi viver o presente, porque o futuro foge do presente.

E eu acho que muitas vezes nós estamos agarrados é ao futuro, mas esquecemos-nos que para chegar ao futuro, temos que ter um caminho, que se faz desse presente e eu costumo dizer a mães que me cruzo que o Tomás é o que é, nesta fase em termos de desenvolvimento e tudo, porque teve um presente.

Ele não ficou a falar desta forma, mesmo em termos de desenvolvimentais não é o, se não houvesse tudo para trás.

Houve muito choro, houve muita frustração, houve muita coisa e respeitar as crianças, porque eu acho que muitas vezes nós estamos agarrados às guidelines.

Que eles têm que começar a andar em x meses, depois têm que começar a andar aqui, a comer isto x meses isto, faz com que nós mães vivamos muito obcecadas e muitas vezes nem vivemos a fase da criança, porque há crianças com ritmos muito diferentes, tenham elas patologias ou não.

Eu acho que isso foi a minha maior aprendizagem com o Tomás e sou muito descontraída, portanto se não, se ele não fize…, se ele ou o Tomás ou a Constança, ao bebé que agora que ai vem ou mesmo o Francisco, não fizer de acordo, exemplo Francisco só começou a andar com 15 meses.

Há crianças que começam com um ano.

Eu tava super tranquila, estava super tranquila.

O Tomás só começou a andar com dois anos, estava super tranquila também.

Eu sabia que o Tomás ia ter sempre um ritmo mais lento, mas eu sabia que estava a fazer um trabalho para isso acontecer e ia chegar o dia que ele ia começar a andar.

Portanto aqui a tentar é, não ouvir muitas vozes exteriores, porque há muito isso na maternidade.

Toda a gente quer a dar palpites e eu lembro-me que houve, fui uma vez arranjar as mãos e a esteticista que me, fui um cabeleireiro que nunca tinha ido, então não havia qualquer relação.

Mas pronto, estavamos a falar, ela também tinha sido mãe à relativamente há pouco tempo, mas ela não sabia quem era a mãe que estava do outro lado, que era eu neste caso.

E que estava a passar por um período em que tinha uma criança com necessidades especiais e ela, mas eu sempre falei é verdade, ou seja, sempre disse que estavamos a falar se andava ou não.

Eu disse que o filho ainda não andava, eu acho que nessa altura o Tomás deveria ter uns 15 meses mais ou menos.

E ela muito espantada a dizer: aí mas o meu já anda isso.

E as pessoas não têm esta sensibilidade para perceber e se calhar do outro lado está uma mãe a sofrer.

Porque estão sempre mais à frente e querem muito mais das crianças.

Eu acho que infelizmente as crianças hoje em dia são muito vistas como troféus.

Para nós país exibir-nos.

 

Ya.

Aparentemente uma competição, quer dizer, tentar fazer uma criança um cavalo de corrida, um carro de fórmula 1 é uma tontice não é?

 

Sem dúvida.

Porque quem sofre são as crianças acima de tudo, porque depois começam a viver nesta redoma de “tens de ser o melhor” e por acaso o Tomás agora mudou de escola e na primeira reunião, a diretora tava a dizer que naquela escola infelizmente havia muita competitividade.

E que os pais deveriam mudar isso das crianças, porque as suas crianças têm que competir com elas próprias e não com os outros.

E os pais, nós pais inconscientemente muitas vezes incutimos a competência, porque tens de ser melhor que aquele, tens que ser mais que aquele.

E isto gera uma frustração e uma energia às crianças que esgota também e eles ficam muito frustrados.

Porque muitas vezes não conseguem e depois vão descarregar a frustração noutras coisas que nós não queremos.

 

Claro.

Claro que sim.

Andreia, como é que foi o papel da família e dos amigos na vá lá, no crescimento?

 

Foi muito importante, foi muito importante sem dúvida.

Eu assim que eu o Tomás, portanto há o período em que nós tivemos a notícia, mas sem confirmação e isto tem que fazer alguns exames e só passado 15 dias é que iriamos ter essa confirmação e nesse período eu quis me resguardar e não contei a não ser à família mesmo chegada, que estamos a falar de pais e irmãos.

Porque não quis preocupar, porque ainda havia esperança para todos os efeitos ainda havia esperança que ele não tivesse.

Assim que o Tomás soube, eu nesse próprio dia, embora tivesse isolada e estivesse a chorar imenso, eu peguei no telefone e comecei a contar a aqueles meus amigos mais próximos.

Porque não havia nada a esconder.

O Tomás era o Tomás e eu queria que eles percebessem todos, eu não queria que o Tomás tivesse como alcunha de trissomia 21, nem que fosse tratado de forma diferente.

Portanto eu quis mostrar a todos, nunca escondi a ninguém que o Tomás tinhas trissomia 21, mas deixou de ser assunto nesse dia.

Portanto nós falamos, eu chorei tudo.

Todos os meus amigos felizmente e familiares se mostraram disponíveis, para o que fosse preciso.

Claro que também ficaram tristes, porque ninguém está à espera de… Mas a partir daí nunca mais foi assunto, pelo contrário tenho amigos meus que me dizem que quando tão conosco, nem percebem que o Tomás tem trissomia 21, porque já é uma coisa tão normal e eu fico feliz, porque de facto eu também passa-se meses que eu não me lembro que o meu filho tem trissomia 21.

Portanto, porque não estou virada e eu nunca aceitei a trissomia 21 que ganhasse ao meu filho.

Eu quero que o Tomás ganhe como pessoa e que tenha o seu nome completo.

Tanto que na escola e tudo eu nunca comecei a ver uma escola começando por dizer que eu tinha um filho com trissomia 21.

Eu tenho um filho com três anos que se chama Tomás, no fim da visita eu disse que o Tomás tinha trissomia 21.

 

Muito bem.

O que é que é diferente no acompanhamento de saúde e do crescimento do Tomás?

 

O Tomás faz consultas anuais, de visão, de otorrino, a decoração essa outra criança não tem necessidade do fazer, só para o que nós queremos aqui trabalhar muito na prevenção tanto na parte da saúde como na parte de desenvolvimento.

Portanto estas consultas por mais que eu, agora já fizemos, que o Tomás fez em agosto, portanto em setembro outubro eu estou a acabar todas essas consultas e tá tudo bem felizmente, mas daqui a um ano eu volto lá, se ele tiver algum problema antes claro que eu volto antes, mas não volto daqui a um ano.

Não vou esperar, ah tá tudo bem então não vou.

Não!

Porque pode ser daqui a um ano pode ser detectada uma coisa pequenina que podemos logo atuar, porque tem mais tendência para ter problemas de visão mesmo na parte de otorrino como tem os canais mais pequeninos, ter ali algum problema de congestionamento, de otites, a parte do coração também teve,o Tomás entretanto também foi operado ao coração, soubemos à um ano atrás que o Tomás iria ser operado e foi operado em agosto ao coração.

Mas pronto, faz esse tipo de acompanhamento.

Em termos de terapias, o Tomás faz terapias de, nós temos, fazemos um método de estimulação intensive, que é o método Glenn Doman, desde os quatro meses.

Está com uma psicomotricista também, que aplica o método e que depois faz outro tipo de trabalho com o Tomás e terapia da fala.

Estava com natação, mas agora atendendo à pandemia infelizmente teve que deixar.

Portanto nós trabalhamos muito na prevenção.

O Tomás está aprender a matemática e a ler desde os 4 meses, parece uma estupidez, mas lá está, nós estamos a trabalhar na prevenção.

O que eu quero é quando o Tomás chegar à altura certa já tem estas ferramentas.

Por mais que não faça sentido às pessoas, de forma comum, mas é a trabalhar sempre na prevenção.

Não é quando chegar os seis anos, vamos então trabalhar a ler.

Não.

Está a ser feito um trabalho já anos, para que eles cheguem a essa fase e isso já esteja adquirido.

 

Faz muito sentido.

Eu vou fazer uma pausa Andreia, para dizer, nós estamos a fazer esta emissão em várias plataformas e temos muitas pessoas a juntarem-se aqui à nossa conversa e eu convidava se tiverem alguma questão para colocarem no chat, porque nós conseguimos ler aqui.

Eu posso colocar as perguntas à Andreia durante a nossa conversa.

 

Claro.

 

Aqui a minha próxima pergunta era, como é que foi a coragem para ter mais filhos?

 

A maioria de pessoas que pais, principalmente primeira viagem que tiveram um filho com necessidades especial demoram muito tempo a dar este passo.

Eu sou a primeira pessoa a dizer-lhes força, vão em frente, porque eu acho que é o melhor.

Primeiro eu acho que todos os pais merecem a oportunidade de viver a maternidade em pleno.

E eu senti que isso me foi roubado no primeiro dia que o Tomás nasceu, porque eu não vivi o que uma mãe vive.

Eu vivi logo no momento da angústia, do estresse, será que sim será que não, do sofrimento.

E então eu não vivi aquele momento cor de rosa, que falam na maternidade.

Portanto além de que sempre quis ter outros filhos, portanto decidi que eu iria ser mãe de outro filho brevemente.

Tanto que eu engravidei do Francisco quando eu o Tomás completou o seu ano de idade, mas nunca na forma de: não, eu quero ter um filho para assegurar o futuro do Tomás, para eu faltar a ter o irmão.

Não.

Eu não tenho os meus filhos para isso.

Até porque pedir isso, seria dar-lhes um grande peso.

Eu não quero que o Francisco como a Constância e agora o bebé que aí vem sinta essa responsabilidade.

O Tomás é responsabilidade minha e do pai, não quero de todo.

Claro que os valores que eu estou a transmitir aos três é de união, de cumplicidade, partilha, de se ajudarem.

Mas não pelo Tomás ter trissomia 21, porque eu faço o mesmo com o Tomás para o irmão e Tomás para a Constança e assim do Francisco para a Constança.

Eu quero que eles trabalhem, que eles vivam todos no meio da cumplicidade e da união.

Claro que, a longo prazo vai ser muito bom para o Tomás ter esta estrutura familiar e que vai ser sempre um apoio, mas não quero nunca que eles se sintam isso.

Eu acho que não seria justo para eles.

Eles nascerem com esse peso.

 

Claro.

Andreia, sentes que o coração descomplicou aquilo que as cabeças às vezes complicam?

 

Sim, sem dúvida.

Eu acho que nós temos que muitas vezes a cabeça complica muito mais do que o coração, só acho que de vez em quando, nós basta ouvirmos um bocadinho mais o coração, que o caminho acaba por se encarregar de chegar até onde…

E eu agi sempre com o coração.

É muita coisa e até agora correu tudo bem.

 

E nesta altura já se sente doutorada em trissomia 21?

 

Já.

Sem dúvida sem dúvida sem dúvida, sem dúvida.

Queres vir aqui dar olá?

O Tomás vai só dar olá.

 

Olá Tomás, como é que estás?

 

Tudo bem.

 

Estás tão gato, com um cabelo muita giro.

 

Está enorme.

Vá, diz tchau, vai.

 

Que máximo.

 

Vá beijinhos.

 

Apesar de doutorada, eu imagino que agora não se sinta minimamente definida pela tristeza, por isso isto passa, quer dizer um apontamento da vossa vida.

 

Sim.

Exatamente da mesma forma que por exemplo um é loiro outro é moreno, um é gordo o outro é magro.

É um apontamento, é uma característica.

É porque o caminho que eu estou a fazer com o Tomás é para a autonomia.

E foi isso que eu lhes jurei no dia do parto, que iria fazer tudo para que o Tomás fosse feliz e que fosse aceite na sociedade.

Ele só pode ser aceite na sociedade se ele fizer exatamente o que as outras pessoas fazem.

Se comunicar se bem, se saber estar, se andar.

Por isso mesmo é que acho que estou a construir o caminho para que depois eu viro costas pronto, ele voe.

 

Claro.

Andreia, eu agora vou contar-lhe uma história.

Eu hoje de manhã fui correr e fui ouvir algumas coisas sobre a Andreia e tive a ouvir a sua entrevista à Tânia Ribas de Oliveira.

Não foi assim há tanto tempo.

 

Não, foi, sim…

 

E nessa entrevista contou a história do Bernardo ter feito uma tatuagem com uma cicatriz semelhante à do Tomás.

Porque o Tomás foi operado ao…

 

Sim.

 

E foi altamente comovente e portanto antes de mais, eu queria deixar aqui uma vénia ao Bernardo, que eu não conheço pessoalmente, mas que fiquei a admirar imenso e comoveu e me inspirou profundamente.

Depois tive a perceber que nós temos muitas coisas em comum, ele também é benfiquista,  também gosta de…

 

Ferrenho.

 

Também gosta de motas, se calhar cruzamo-nos imensas vezes e não nos apercebemos.

Eu imagino que o Bernardo tem sido uma parte importantíssima da vá lá, da sua gestão de toda esta situação e que vocês os dois hoje em conjunto tenham sido obviamente muito mais fortes do que, do que sozinha.

Vocês têm uma forma diferente de encarar isto, são complementares, sente se em sintonia com ele ou em fase, vá.

 

Sim.

Eu acho que são raras as relações que duram depois de uma situação como esta.

Portanto, infelizmente existe, os casais acabam por se separar, porque existe sempre aquele sentimento de culpa e acho que isto foi o que nos, foi bom para nós foi, porque em momento algum eu achei que a culpa era do Bernardo ou a culpa, ele achou que a culpa era minha.

E fomos a força um do outro, ou seja, quando eu caía, ele levantava-me e quando ele caiu  eu levantava-o.

Nunca tivemos os dois em sintonia, portanto estavamos sempre em equilíbrio e ainda hoje nós somos assim um bocadinho nesta vida.

Somos um bocadinho os dois anos, ambos muito complicados, a diferença é que eu sou mais organizada, mais pragmática e ele não, nem tanto.

Mas acho que nos completamos bastante e nunca houve aquele sentimento de culpa, ou seja, ficou resolvido.

Nós não temos pontas soltas.

Aconteceu o que aconteceu com o Tomás, sofremos os dois, cada um da sua forma, como é óbvio, também somos pessoas diferentes.

Mas nunca houve aquela luto de mesas, em que nós queríamos em nossa casa uma energia positiva.

E eu acho que nós temos muito isso, nós somos duas pessoas que descomplicamos muito da vida.

Não agarramos muito às coisas negativas, porque o mal só atrai o mal e o bom só atrai o bom.

E então agarramo-nos a essa parte positiva.

E depois é, quando um está menos bem, o outro traz o outro para cima.

 

Uau.

É uma sorte imensa.

 

Sim.

 

Andreia.

A Andreia tem uma outra realidade que se calhar interessa também a quem está ouvir que é, esta coisa de ser influencer e de ter um blog e ter um Instagram muito popular.

Muito conhecido.

Como é que é isto de ser influencer?

O que é que me pode dizer sobre essa realidade?

Quão diferente é da sua vida anterior.

Coisas boas coisas, eu acho que era interessante se falarmos sobre isso.

 

Isto começou tudo com um objetivo muito vincado que é o Tomás.

Portanto isto quando começou… agora hoje em dia a sua influência já numa vertente muito comercial.

E eu quando comecei ainda nem Instagram havia, o Facebook é que havia e a plataforma blog.

Mas eu acima tudo, eu tinha esta mensagem que eu queria transmitir à sociedade, queria desmistificar um pouco o que era ter um filho com trissomia 21 e ajudar os pais.

E é nesta linha sempre que eu não me quero perder.

Portanto, claro que depois tem alguma componente comercial que vai aparecendo isso é inevitável, mas este é um objetivo máximo, tanto que eu nunca deixei de trabalhar, para me dedicar só a esta parte, porque eu não quero.

Quero que para todos efeitos seja sempre um hobby, em que eu mostre, partilhe e que me dê prazer.

Porque me dá prazer.

As coisas, não tenho muita coisa negativa a apontar, felizmente.

É só porque acabamos por ser um bocadinho prisioneiros de nós próprios, aqui da internet, do telefone, da partilha, porque as pessoas acabam por criar uma ligação forte conosco e ainda bem.

Porque é isso que nos mantém vivos no digital, mas também se nós falhamos ou se deixamos de aparecer por algum motivo também somos cobrados, porque é que se passa alguma coisa. o que é que é.

Portanto não é um trabalho em que ok, vou fechar o computador e vou estar de férias uma semana.

Não.

Isso não acontece.

Porque todos os dias existem conteúdos para partilhar que são conteúdos muitas vezes orgânicos, não têm que ser necessariamente comerciais.

As pessoas, isto é quase como uma novela da vida real.

O meu sonho é que o Tomás pegue nisto, porque isto começou por ele e quando ele chegar nessa fase escrever e tudo e que ele faça os seus próprios textos da vida.

Eu gostava muito e é isso claro, sair um bocadinho de cena.

Mas este blog acabou por se tornar um bocadinho um blog de maternidade.

Eu acabo por abordar vários assuntos e mostro o melhor dos dois mundos.

Portanto, o mundo da necessidade especial de crianças e o mundo de descomplicação da maternidade e que é tudo fácil, porque eles aprendem porque sim, sem nada, assim sem grande esforço da nossa parte.

É um caminho bonito que está a ser feito, eu penso.

Tenho seguidores muito queridos, que gosto verdadeiramente deles e eu sinto que eles também gostam, que simpatizam muito com a nossa família.

É quase uma segunda família, portanto eu já, eles não vivem sem mim e eu também não vivo sem eles, porque tenho essa necessidade de partilhar.

 

E tem uma equipa muito grande por trás.

Eu que eu fico espantado as fotos são sempre espetaculares, o texto está sempre, o copy está sublime, são super frequentes, portanto tocam se todos os pontos.

E eu sei que aquilo não é fácil, dá muito trabalho

 

Muito, muito.

As pessoas nem têm noção, eu acho.

Porque muitas vezes veem: ah uma fotografia, mas uma fotografia é tão fácil de se tirar, pega-se no telefone…

Não!

De vez em quando é preciso tirar cem, para ficar uma bem.

Mas no meio dessas cem sabe há birras, há subornos de gomas, há imensas coisas.

E de vez em quando eu até gosto de mostrar essa realidade uma foto gira e depois o fail que é logo ele pode fugir e assim fica giro.

Eu acho que eles também gostam disto e não só a perfeição.

Acho que a perfeição já existiu há muitos anos, quando isto começou o mundo digital, mas acho que agora as pessoas procuram um bocadinho mais de realidade.

Eu se tiver a minha casa desarrumada eu mostro a minha casa desarrumada, porque faz parte.

E é muito engraçado depois ver esse feedback, as pessoas: ah eu fico tão contente vi que já não é só na minha casa que isso acontece.

Eu acho que ajuda um bocadinho de conforto, porque as redes sociais pode dar conforto, mas também pode criar muita frustração.

Verem que isto é tudo perfeito.

E não é!

Porque nós também temos algumas fases menos boas e eu sempre partilhei o bom, o menos bom na minha rede.

Mas é, mas dá muito trabalho de facto, por ter de pensar o que é que se vai escrever, é os temas. é escrever, é ter a criatividade para passar as ideias, é ter tempo para responder às mensagens das pessoas, portanto há aqui muito trabalho, é parte da edição, a fotografar, deles não quererem, mas tem que ser.

Este tipo de coisa.

 

E anda sempre com um fotógrafo atrás naquelas fotos, as fotos são sempre ótimas.

 

Ah, não eu.

É muito raro.

Ou seja, eu por acaso tenho a sorte de ter uma família de fotógrafos, portanto por exemplo nas férias e se for com meu irmão ou com o meu pai, muitas vezes eles tiram umas ou outras fotografias e logo ficam mais bonitas que as minhas.

Faço aquelas sessões, quando é a sessão de natal, as sessões de grávida e aí todas, pela empresa do meu pai, que são profissionais.

Mas na maioria, aquela fotografia do dia a dia é toda minha, é toda e muitas vezes com o telemóvel.

 

E estão ótimas.

Parabéns.

 

Obrigada .

 

E oh Andreia depois tem uma outra dimensão com a qual eu também me consigo relacionar muito bem, que é questão de ser empreendedora.

Porque abriu um projeto próprio que ele desenvolve, que é um centro de terapias.

Que eu lhe pedia para descrever na sua atual fase, porque é fácil de irmos à web, mas eu percebo que as empresas influem.

Neste momento o seu projeto está mais focado no quê?

No que é que vocês se tornaram realmente especialistas?

Para que lado é que querem crescer?

 

Nós somos um centro de desenvolvimento infantil em que tem um grande objetivo, que é trabalharmos em equipa multidisciplinar, porque é o mais difícil nesta área.

É que os pais cheguem a um sítio e encontrem um único espaço, tudo o que a criança precisa.

Porque depois e eu aprendi isto muito com o meu dia a dia, com o Tomás.

Que o Tomás sempre fez muitas terapias, é depois muito e todas as terapias são únicas, mas elas todas complementam-se entre si.

A terapia da fala vai buscar muita coisa à psicomotricidade, a psicomotricidade à terapia ocupacional.

E muitas vezes nós temos os pais de cada filho, um filho em cada terapia, mas depois cada terapeuta está trabalhar por si.

E não se complementam porque a terapeuta da fala muitas vezes poderia estar a adaptar alguma estratégia útil na psicomotricidade e não adapta, porque não tem esse conhecimento.

E assim ali no espaço foi esse objetivo.

Foi que os pais chegassem e encontrassem num único espaço tudo.

Portanto não existe aquele problemática de marcar reuniões, porque nós próprios marcamos as nossas reuniões internas para discutir o caso, para falar sobre a criança e muitas vezes há aquela conversa ocasional de corredora, que é o suficiente para articular pequenas coisas na próxima sessão.

Então trabalhamos muito o objetivo, era expandir aqui um bocadinho mais.

Nós estamos só atualmente em Lisboa e depois temos um polo em que abrange a zona de Grândola e Alcácer do Sal.

E gostávamos de ir para o norte, enfim, porque também temos tido essa procura nesse sentido, porque de fato existem muitos centros, mas poucos centros que trabalhem em equipa multidisciplinar.

E a equipa que eu tenho comigo é uma equipa que eu confio a 100% e que o meu filho Tomás e até o Francisco que tem ali terapia ocupacional e tem terapia da fala, eles estão no desenvolve com aquelas terapeutas, portanto é porque eu confio.

E eu abri com a terapeuta do Tomás, que trabalha com o Tomás desde os seus quatros meses, que eu confio muito nela e admiro a muito profissionalmente.

Aliás eu costumo dizer que nunca vai ver dinheiro no mundo que pague o que ela fez pelo desenvolvimento do Tomás.

Então nós temos aqui uma num centro as duas visões, de uma técnica e de uma mãe.

Portanto eu consigo dar aquele colo que é necessário às mães de lhes mostrar: está tudo bem, vamos trabalhar para o excelente, aparar as lágrimas, mostrar-lhes um caminho.

E o Tomás acaba por ser um grande exemplo para as mães e acaba por ser aquele esperança.

Se ele consegue o meu filho também vai conseguir e vai desde que haja trabalho.

Nada acontece do céu, aparece e olhem: hoje está aí e já fala.

Não.

É preciso haver muito trabalho por trás para falar e muitas lágrimas, muitas vezes.

 

Como é que o covid afetou a vossa actividade?

 

Afetou naquele momento de quarentena, em que nós tivemos todos que parar.

Mas tentamos nos adaptar e fazer a teleterapia e fazer algumas terapias online.

Aliás o Tomás esteve mesmo em terapia online, no método e terapia da fala.

O Francisco só teve na parte da terapia da fala.

Portanto tentamos nos aqui readaptar, não é a mesma coisa, não é o expectável, mas a segurar os mínimos para não se perder, porque de facto nas crianças tudo o que tem haver com o desenvolvimento, o tempo é crucial para, nós paramos dar-nos ao luxo de estar 2 meses parados e a meter em causa se for preciso um ano de trabalho.

E não podíamos.

Então tivemos que aqui ajustar e até para os pais também não se sentirem sozinhos.

Depois entretanto reabrimos assim que foi possível e felizmente nunca mais paramos, porque de fato houve muitos pais que tiveram mais tempo com as crianças em casa e perceberam de facto as dificuldades deles e investiram também mais no desenvolvimento.

 

Ok.

Eu coloquei o link do seu projeto aqui na descrição do vídeo.

 

Obrigada.

 

Hoje não tem a dificuldade em encontrar.

Oh Andreia, eu sei que não existe um manual de vá lá, de parentalidade,não é?

Não há nenhum livro que nos ensina a ser um bom pai ou uma boa mãe de A a Z.

Mas se houvesse, que capítulos é que nós lá podíamos lá ter escrito, que disciplinas é que acha que seriam desejáveis que os pais pudessem ter aprendido antes de serem pais ou até durante a sua paternidade?

Quer arriscar escolher algumas?

 

Respeitar a criança e o seu tempo.

Acho que esse capítulo era muito importante, porque nós não respeitamos as crianças e outro que vai muita de acordo com isso é deixá-los ser criança, porque muitas vezes os nossos medos.

Não vás para aí! Não faças isto!

Ainda hoje eu fui antes de nos voltarmos a recolher aqui em casa, fui ao Parque das Nações, porque nós vivemos perto e eu vi os meus filhos a subirem um monte de gigante de relva e o Francisco deitou-se e começou a rebolar.

Se eu fosse outra mãe, que sei, tenho amigos assim, ficava em pânico, não deixava, não permitiam, ou porque se iam sujar, ou porque podiam partir a cabeça, n coisas.

Eu deixei, porque eu também fiz isso enquanto criança e é nesta fase que eles têm de fazer.

Não é aos 18 anos que eles vão fazer isso.

E acho que é muito importante deixá-los brincar, por exemplo quando a água, se eles estiverem com galochas, porque não irem saltar nas poças?

Porque não sujarem se todos e as roupas virar a castanha?

A roupa é feita para lavar.

E muitas vezes nós temos: ai vais sujar, não vais fazer isto.

E eu deixo-os muito é muito ser criança.

Acho que estes capítulos são os mais importantes.

 

Eu identifico-me totalmente.

Um dos meus filhos mais novos, tenho um filho agora com três anos que está na escola lá fora, destas first school, que chega sempre a casa um nojo, parece que foi mergulhado em lama.

Eu às vezes tenho, a minha vontade de deitar aquela roupa fora, porque eu nem sei onde lhe pegar, mas ele fica divertidíssimo e percebo a evolução que eles têm, porque lá está a natureza é um dos melhores professores que nós podemos ter.

 

É.

Sem dúvida.

E eles aprendem muito com a natureza e depois eu ele têm o seu timing e lembro-me que a quarentena não foi fácil.

Eu acho que não foi fácil para nenhum pais, porque nós viramos também professores além de tudo outras coisas que nós viramos.

Eu lembro que fiquei muito frustrada com o Francisco e o Tomás não tinham interesse em fazer um desenho, fazer as atividades que eu lhes propunha e foi engraçado passaram tantos meses e entretanto isto foi tipo em março, abril, estamos em janeiro, mas em dezembro, novembro, o Francisco começou a desenhar por ele.

Adora vem para aqui para a secretária dele e desenha e isto realmente só prova que as crianças têm o seu timing.

Eu por exemplo, o Francisco eu nunca ensinei a fazer um puzzle, nunca perdi tempo para estar ali sentada e agora vamos fazer um puzzle e agora vais fazer isto.

Não, nunca.

E o Francisco faz puzzles em 10 minutos 50 peças.

 

Uau.

 

Mas de um momento para o outro.

E é muito engraçado Nuno, perceber que as crianças de facto têm o seu tempo.

Não vale a pena, lá está, nós adultos de vez em quando queremos tanto e uma coisa que eu também aprendi numa palestra, que não de recordo de quem a deu, porque foi de várias oradores, que disse que: nós pais perdemos muito tempo em tê-los. No futebol, na academia de música, no balé, enfim em imensas atividades para quê?

Para serem os melhores, para fazerem tudo e serem aquelas crianças exemplares.

Mas nunca lhes perguntamos se de facto eles gostam do que estão a fazer, não é?

E muitas vezes eles estão ali e se calhar não é aquilo que querem.

Se calhar basta uma.

Filho escolha a que tu gostas e ele vai para aquela e vai feliz.

Porque depois eles ficam sem tempo para nada, deixam de ser crianças, porque de fato a escola acaba ou vão logo para as atividades, atividades chegam em casa tomam banho, jantar, dorme. Volta outro dia e nem têm tempo para aquela margem para brincar, para imaginarem, porque os meus filhos, eu sou contra um bocadinho o digital, estarem sempre agarrados.

Acho que é importante eles verem televisão, acho que é importante eles de vez em quando poderem ver os seus programas no YouTube, mas não que isso se torne, que estejam o dia todo.

E muitas vezes eles dizem: ah não tenho nada para fazer.

Ok.

Não há problema.

Vais te sentar e vais olhar para o céu.

E eles é incrível que depois, eles passado um bocadinho já estão a brincar e eu utilizei muito esta técnica na quarentena.

Porque chegou a um ponto que os telefones ficaram muito aqui implementados neles e eu comecei a ver até que eu tive mesmo que cortar.

Ai não quero isto, é que nem queriam ir para o jardim, nós fomos logo para a nossa casa da Aroeira que tem jardim, não queriam ir para o jardim.

Não há problema filho, não tens nada para fazer, ficas sentado e ficas a olhar e passado um bocadinho eu via-os a brincar.

 

Isso é precioso, esse conselho.

Eu acabo por conhecer também muita gente mesmo em adultos, não é?

Pessoas que não estão confortáveis com a sua própria companhia, não é?

 

Sim.

 

Esses momentos de silêncio são altamente desconfortáveis ou de solidão, não é?

E a pessoa não consegue encaixar o silêncio. é um bocadinho por aí, não é?

 

Sim.

Eu acho também Nuno, desculpa estar a interromper.

Tem muito haver com aqui, com a parte emocional, enquanto fomos crianças.

Porque nós só somos adultos dependendo, seremos adultos dependendo do que nós fomos enquanto crianças, das bases que nós temos.

E isso, eu como estou no centro de terapias, tenho psicólogas e tudo e estou muito atenta a isso, porque há muitas falhas que acontece, muitas vezes não são culpa dos pais, mas acontece e que ficam lá marcas, que depois cria adultos insatisfeitos, não confiantes e acho que é muito importante.

Muitas vezes os pais com a parte de dar colo.

Do: ai não, não vais para a minha cama, isso nem pensar.

Porque isso é que é bom?

Não!

Mas se calhar eles querem ir para a nossa cama, querem sentir aquele conforto, aquele aconchego.

E se nós roubar-mo-lhes isso vão se sentir sozinhos e se calhar vão se sentir adultos inseguros.

E a uma psicóloga que eu admiro muito, que é a doutora Clementina, que ela disse-me: mãe se não for ao quarto quando ele tiver a chamar, ele vai se sentir abandonado, porque há aqueles tratamentos do sono, que eles choram até que eles se calam.

Claro que se calam, chega a um ponto que vão se calar.

E não é isso nós queremos, porque isso vai deixar marcas, mesmo que a criança não se lembre: aí, eu fiquei a chorar.

Vai criar adultos inseguros, porque vão se sentir, nós quando choramos, quem é que nós queremos ao nosso lado?

Alguém que gostemos, não é?

Alguém que nos dê força.

Se ele chora e nós não estamos nem aí, não vamos quer, vai fazer o oposto, não estamos a criar adultos fortes, nem seguros, pelo contrário, super inseguros.

E eu por exemplo muito aqui para o Tomás, porque eu acho que o Tomás tem uma autoestima gigante e esta autoestima gigante é muito importante, com crianças com necessidades especiais, porque facilmente são abaladas pela sociedade.

E eu é rara a noite que não vou para ao pé dele, ele já está a dormir e pimba, tenho muito orgulho em ti.

E o Tomás é uma criança que vê-se que tem muita confiança nele próprio.

Isso é muito bom, porque eu acho que não vai deixar com que ele seja abalado por algumas pessoas que infelizmente nós sabemos que existem na sociedade.

 

Claro.

Andreia, há bocado estava a falar uma conferência onde aprendeu uma lição e lembrei-me de perguntar, recomenda algum blog, algum livro, algum filme, que lhe tenha marcado e que possa ser giro nós termos acesso?

Às vezes as pessoas estão sentadas em cima de tesouros e não partilham.

 

Sim.

É verdade é verdade.

Eu agora na parte leitura e de filmes confesso que não sou muito boa, eu tenho uma bíblia de livros, mas que não os leio, porque não tenho mesmo tempo, com três filhos é muito difícil.

E depois tenho as redes sociais, portanto não tenho assim nada, eu vou é aprendendo muito.

Ou seja, eu não sou daquelas mães que acha que sabe tudo.

E então eu estou sempre em busca de informação, leio muita coisa, muitos blogs que estão haver com psicologia infantil, acompanho por exemplo o Doutor Eduardo Sá, que adoro.

Transmite muita calma e de vez em quando mostramos algum caminho que muitas vezes achamos obscuros e sou daquele tipo de pessoas que, se eu tenho alguma dúvida em relação aos meus filhos eu não tenho vergonha de o dizer.

Eu vou à procura, por exemplo o Francisco chegou à terapia ocupacional, porque eu fui à procura, havia ali alguns sinais que achava esquisitos e então eu fui perguntando à psicóloga depois ia perguntar à Filipa que é a terapeuta do Tomás e perguntei à terapeuta da fala e chegamos todas à conclusão que ele se calhar precisava ali, ele tinha a parte sensorial em excesso e precisávamos aqui de limar as arestas.

Pronto, mas se calhar se eu fosse uma mãe: não, não vou dizer, porque eu tenho vergonha o meu filho então, pelo amor de deus.

Porque existem muitos filhos, muitas crianças que eu conheço que precisavam de apoio, seja de terapia da fala, seja do que for e os pais rejeitam a ideia.

E não é os pais que estão a perder, é aquela criança.

Porque o tempo nas crianças é crucial, não…

 

Claro.

 

Ok, eles podem agora fechar os olhos e fingir que não veem, mas daqui a dez anos vão ver e se calhar isso já não se vai conseguir recuperar o que se vê ter feito aos seis.

 

Totalmente.

Andreia se pudesse ocupar um cartaz gigante para toda a gente ver, que mensagem é que escolheria lá colocar?

 

Ui, isso é difícil.

 

Um bocadinho.

 

Isso é muito difícil.

Acho que metia o sonho comanda a vida.

Este é um dos meus maiores lemas.

Porque acho que nós nunca nos devemos de nós, se nós somos capazes de sonhar, é porque somos capaz de fazer.

E devemos de seguir depois esse sonho nosso.

E acho que temos que viver com os pés na terra, mas também deixar de ser tão racionais, porque eu confesso Nuno, se eu fosse muito racional eu acho que nunca tinha tido mais do que um filho.

 

Claro.

Tem que exercer esse músculo de sonhar, é uma coisa que tem que fazer de forma voluntária ou é uma coisa que lhe sai naturalmente e que tem de travar?

 

Eu acho que sai muito voluntariamente, porque eu também sou muito positiva.

Portanto eu nunca vejo mal em nenhum lado, eu tento ver sempre o copo meio cheio mesmo quando me acontece ou alguém tem um comportamento menos normal pra mim ou que eu não goste tanto tento desculpar.

Bem se calhar ela disse isto por causa disto.

Tentar ver um bocadinho mais o copo menos cheio.

E sonhar muito isso, é muito positivo.

Eu acho que tem muito haver, tentar racionalizar menos, porque eu acho que quando o medo atrofia-nos.

E se nós damos espaço ao medo, ele toma conta de nós.

 

Totalmente.

 

Eu tenho medos eu também tenho, olhe por exemplo quando eu descobri que estava grávida do agora, tive muito medo, embora era uma coisa que eu queria, mas daí a querer e a concretizar-se ainda vai uma distância e quando eu percebi que estava, ia ter 4 filhos pensei assim: o que é que eu fiz à minha vida?

Já tinha a minha vida mais ou menos orientada, agora vai mais um é mais despesas e isso e depois pensei: não, Andreia.

Depois eu tento trabalhar comigo esta parte que é, não vais pensar mais nisto, não vale a pena, vamos fazer um reset, vamos pensar só nas coisas boas que este filho te vai trazer, porque a faculdade, o casamento do filho, essas coisas, ainda falta tanto.

Vamos trabalhar no presente.

O futuro devo chegar, só deus saberá como será, portanto…

E foi nisso.

Claro que eu tive medos, agora eu, costumo fazer uma pergunta quando me aparecem assim mulheres e há mães que vêm falar comigo e pedem me ajuda.

E eu digo logo: faça uma pergunta para si própria, que eu aprendi isto, se tivesse medo, se não tivesse medo eu faria?

E sabes se a resposta for sim então siga em frente o caminho já tá, não é?

 

Eu tenho dois adolescente e tenho dois bebés, eu achava que só ia ter dois filhos na minha vida, mas parece que foi fora de mão.

E a minha inspiração até é uma professora nossa.

No Gymboree nós temos uma professora que tem seis filhos.

 

Uau!

Espetáculo!

 

Eu fiz um podcast com ela há umas semanas atrás e as minhas perguntas eram muito por aí como é que é, como é que tu fazes, porque e ela é super positiva, muito parecida com a Andreia até nesse aspecto, muito Zen e parece fácil.

Ela faz aquilo parecer fácil, tanto que eu acabo por me sentir um menino com quatro filhos…

 

Acho que é um bocadinho descomplicar.

Não é Nuno?

De vez em quando nós complicamos muito e eu costumo fazer mesmo quando eles estão naquela fase em que: vamos partir tudo, vamos mandar tudo para o chão, eu tenho aqui um botão no meu cérebro que eu desligo, ou mesmo quando estão com pinturas, não estou preocupada com o chão, a colcha vai sujar, porque se vai lavar e se partir, partiu, sujar sujou, porque a minha mãe é daquelas, embora a minha mãe sempre nos deixou fazer tudo e a nossa casa foi sempre vivida por nós.

Mas a minha mãe estimou sempre as coisas.

E quando foi agora há pouco tempo recentemente quando remodelou a sala, estava cheia de pena, porque os móveis estavam novos.

Eu disse: mãe estás a ver? As coisas são para serem usadas, assim pelo menos eu quando quiser mudar o sofá, mudo, tranquilamente, porque ele já estava rasgado, não é?

Não estou com mantas e essas coisas e não faças isto.

Ainda no outro dia, os meus filhos estavam aqui a pintar no tapete, eu assim: ai este tapete, vai ficar todo sujo.

Bem depois acabei por os tirar daqui e foram mais para o chão, mas é assim também pensei: o tapete é do IKEA, portanto não é por aí, se ele se estragar estragou de vez, se não também é o quarto deles brincar.

 

Claro.

Que conselhos daria a um jovem casal ou a um casal que esteja a pensar ter filhos no curto prazo?

 

Que não planem muito, porque de facto a maternidade não dá para ser planeada.

Que se foquem só nos nos valores que eles querem transmitir para os filhos e que vivam o dia a dia da melhor forma e deixeim, aproveitem, não deixem ninguém que lhes tire o colo, que lhe diga não faças isso, ouçam sempre o coração.

Porque muitas vezes nós, principalmente os pais, quando são pais pela primeira vez, como eu também fui ouvimos muito, estamos sempre a ouvir e não faças isto.

Tudo é opinião.

E parece que os nossos filhos muitas vezes acabam por nem serem criados por nós, não é?

São criados por toda a gente, porque toda a gente tem uma opinião para dar e muitas vezes até vai contra o que nós queremos.

 

Isso é perfeito, porque cola já com a minha próxima pergunta, que era que maus conselhos ou recomendações é que costumam ouvir relacionados com a parentalidade ou até com o desenvolvimento da criança?

Uma vez que que tem o desenvolve, eu acho que está totalmente por dentro disto e às vezes nós ouvimos coisas que nos deixam um bocadinho desconfortáveis, alguma em particular de estimação que queira destacar?

 

Não.

Eu acho que há muito sobre a amamentação.

Ah, mas dás mama ainda com quatro meses como se fosse uma coisa…

Ai eu não sei como é que tu consegues dar, mas deixas eles ir para a tua cama dormir, mas dás assim tanto colo?

Olha que lhes estás a dar colo a mais fica mal habituado.

Este tipo de coisas e depois eu acho que nós temos de ter sensibilidade para saber quem temos ao nosso lado, portanto não devemos estar a dizer: não anda ainda, não fala?

Porque nós não sabemos como é que está aquele coração daquela mãe, nem sabemos se há algumas coisas por trás e eu acho que muitas vezes as pessoas estão sempre a querer mais e muitas vezes acabam por magoar quem tem ali ao lado.

 

Claro.

Eu tenho uma última pergunta, que eu acho que deve ser a mais fácil para Andreia.

Quando se sente assoberbada e fora de foco ou descentrada, o que é que faz para se centrar de novo?

 

Tento respirar muito fundo e apagar essas coisas todas da cabeça que me estão a surgir péssimas e pegar numa coisa boa, nem que seja numa imagem que eu tenho de ter feito umas férias e de fazer reset.

 

Excelente.

 

É por aí que eu costumo ir sempre e também tenho tempo comigo própria, também gosto muito de estar sozinha.

De estar, pensar, o escrever ajuda-me imenso por exemplo, e estar com os meus filhos também, ajuda-me muito.

 

Isso é perfeito.

E já agora como é que cuida de si?

Onde é que vai buscar a energia e Zen?

 

Olhe, eu sou uma pessoa muito focada em objetivos, portanto eu estruturo a minha semana, os meus dias, eu sei exatamente o que é que eu tenho de fazer e tento nunca passar o dia sem cumprir o que me propus, porque essa coisa não vai desaparecer, pelo contrário vai acumular com o dia seguinte e cada vez vai ser pior.

Portanto até não conseguir ando daqui um bocado inquieta, mas tento gerir dessa forma e depois tento de vez em quando jantar com as amigas, ir às compras sozinha, fazer algumas coisas também sem os meus filhos, porque também é importante nós termos um tempo só para nós, porque se não somos consumidas, tudo é humanamente quase impossível ainda… eu felizmente tenho as ajudas, o meu marido ajuda-me, portanto consegue ficar perfeitamente com eles se eu vou às compras, se vou jantar com as amigas, tentamos procurar também quando fazer um jantar a dois, também tenho felizmente os meus pais aqui ao lado, que estão sempre disponíveis para ficar com os meus filhos e nós vamos passar um fim-de-semana fora.

Portanto é ir buscar, é o equilíbrio.

É viver um bocadinho o equilíbrio e a mim também me faz muito bem, quando, por exemplo ainda há bocadinho, nós passamos o sábado todo em casa, agora vamos passar a tarde toda em casa e com crianças e em casa é muito difícil, porque chega a um ponto que eles já não sabem o que há-de fazerem, nós já não sabemos o que é que vamos fazer, depois temos imensas coisas para fazer em casa.

Fui o ter ido à Expo só um bocadinho, respirar ar puro, deixá-los brincar livremente.

Eu acho que é logo vitamina ao meu corpo para a semana.

 

Andreia, muito obrigado por este bocadinho.

 

Obrigada eu Nuno, foi um gosto.

 

Qualquer dúvida que precise por favor disponha, está bem?

 

Claro que sim, muito obrigada Nuno, pela oportunidade, foi um prazer.

 

Beijinho e bom domingo.

 

Obrigada e igualmente para todos.

Um beijinho.

 

Obrigada.

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