O que faz um Pediatra?

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O que faz um Pediatra?

 

 

Conheça o nosso novo Programa em casa: https://bit.ly/1ofertamae

Podcast com a Médica Pediatra Rita Sousa Gomes, co-autora do Bê Á Bá da Pediatria.

https://www.instagram.com/be.a.ba.da.pediatria/?hl=pt

O que faz um Pediatra?

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Olá Rita!

 

Olá Nuno, boa noite.

 

Como estás?

Obrigado por estares disponível.

Eu sei que isto são horas indecentes.

E tu tens uma vida de médica super agitada.

Muito obrigado.

 

Amanhã é feriado.

 

Amanhã é feriado, pois é.

Oh Rita, eu acho que a nossa audiência já percebeu que tu és pediatra.

Tu também és autora de um blog super conhecido, chamado Bê á bá da pediatria.

Como é que está a ser esta experiência de influencer social e médica assim mais pública?

 

Dá imenso trabalho, mas é muito gratificante.

Eu tenho Bê á bá da pediatria e conjunto com a doutora Sara Aguilar. E portanto, fazemos aqui uma parceria e nas alturas em que uma está mais ocupada, há uma que fica mais responsável pelas publicações e assim vamos nos revezando uma com a outra.

E tem sido possível, nem sempre conseguimos fazer as publicações que gostaríamos todas as semanas, mas vamos fazendo e vamos mantendo e no que podermos ajudar e temos projetos novos em andamento. E portanto é tudo uma experiência muito gira.

 

Ok.

Oh Rita, obviamente que queria te agradecer por estares aqui hoje, mas também queria te agradecer por uma outra coisa.

Tu és pediatra dos meu bebés, és uma das pessoas mais importantes da minha vida, eu sei que não te chateio muito, mas estou super grato, porque este tempo para nós e por responderes às nossas perguntas e há bocado estava a pensar nesta nossa conversa e a lembrar-me da nossa última consulta, que já foi à algum tempo por causa do covid.

Ultimamente eu não tenho podido entrar na consulta, mas estava a pensar na última vez e tu quase todas as vezes amassas a barriga deles e estica-lhes as pernas, abres-lhes as goelas, espetas lá para dentro.

Eu estou a pensar internamente, aperta com força Rita, tipo, descobre tudo o que está aí dentro, faz a tua cena.

E apesar de aquilo parecer super doloroso, eu acho que é super tranquilizador eu saber que pronto, existe alguém que sabe o que está a fazer, todas aquelas análises e diagnósticos possíveis, portanto é uma coisa super gratificante para um pai.

Já não sou um pai de primeira viagem, já tenho 2 filhos mais crescidotes, mas é um conforto poder confiar nas mãos de um pediatra especialista.

Oh Rita, eu ia-te perguntar, se calhar é uma boa pergunta que pode elevar outros caminhos.

Como é que começou isto da pediatria?

Não contigo em especial, já lá chegaremos.

Mas se nos puderes dar aqui um bocadinho do enquadramento histórico.

Como é que se passou da medicina genérica para esta especializada em particular?

 

É assim, a pediatria é uma especialidade relativamente recente.

Ela surge mais ou menos no final do século 19.

Até porque a criança não era criança, a criança era considerada adulta, aos 8 anos até durante muito tempo, não é?

Havia o trabalho infantil.

E a pediatria, surge como realidade no final do século 19.

Numa altura, em que a taxa de mortalidade infantil era gigante, era enorme e portanto foi criada a necessidade de haver uma área médica que se dedicasse a estes pequenos seres.

A pediatria foi evoluindo ao longo dos anos, inicialmente durante muito tempo, seguia crianças de até aos 12 anos.

Desde o nascimento até aos 12 anos.

Depois estendeu-se até aos 15.

E desde 2010 para cá, nós seguimos crianças jovens e adolescentes até aos 18 anos.

Portanto temos um papel muito importante, na vida do futuro adulto, do jovem adulto e do futuro adulto.

E portanto é uma especialidade que foi evoluindo, primeiro era muito generalista e entretanto, foi havendo necessidade de surgirem várias sub especialidades.

Hoje em dia há várias sub especialidades da pediatria, eu sou pediatra geral, eu sigo as crianças de uma forma generalista, sou encarregue de detectar problemas e de os referenciar devidamente depois aos devidamente competentes.

E pronto, é mais ou menos assim resumidamente, a pediatria. É uma história recente não sei se pretendias mais.

 

Não, acho que era isso.

Como é que sentes que tem evoluído, assim mais recentemente? Nós no Gymboree e eu pessoalmente também fui muito marcado pelo Brazelton e pelos livros dele.

Eu considerava o Brazelton também, um bocadinho o pai desta pediatria mais moderna, mas ele já tem uma certa idade, não sei.

 

O Brazelton até já faleceu, se não me engano.

 

Eu acho que até já faleceu, recentemente, sim.

Mas é uma referência importante? Há outros pilares da pediatria que nós devamos saber? Que devamos seguir? Ou é uma coisa pouco interessante e e vocês tipo compilão indiferenciadamente?

 

 

O Brazelton é mais na área do desenvolvimento, do pediatra do desenvolvimento.

Nós temos as nossas highline.

E sim, acabarmos para compilar um bocadinho de tudo.

Não nos focamos apenas numa doutrina.

 

Muito bem.

Olha, como é que surgiu isto de ser médica?

Quando é que te despertou esta vontade?

Lembras-te?

 

Eu desde pequenina que sempre tive este bichinho, esta paixão pela medicina.

E parte porque o meu pai é médico e portanto eu sempre tive a medicina muito presente na minha vida. E é um excelente médico, é um excelente exemplo, um grande exemplo para mim e depois tinha uma irmã mais velha, que também tinha a mesma vontade e desde pequenina dizia que queria ser médica e eu fui seguindo aquela… quer dizer eu gostava, mas não sabia se era esta a minha paixão.

Passou-me pela cabeça ser veterinária, porque adorava animais.

Mas depois este amor pela medicina foi crescendo, sempre assim muito secreto, sem grandes manifestações depois quando cheguei ao secundário tinha aquela paixão pela a área das ciências e pronto.

Fui devagarinho, as notas eram muito altas, eu não sabia se ia conseguir entrar.

E não consegui.

Ainda tive 2 anos em medicina dentária antes de entrar para medicina.

E acho que é uma coisa que existe em mim desde sempre, eu sempre adorei ciências, sempre adorei, sempre quis ter um papel importante na sociedade, poder ajudar os outros, poder ter um papel diferente e achei que a medicina..

Achei que tinha vocação, pronto.

Acho que foi melhor, tu mesmo, Nuno podes dizer.

 

Está mais do que estabelecida.

Eu acho que mais à frente, depois posso partilhar um bocadinho sobre a minha experiência, enquanto… eu não sei se sou teu paciente, se sou só motorista do teu paciente, mas pronto.

 

És pai.

 

Sou pai.

Eu acho que tu te destaques, pela tua empatia, mas também pela tua disponibilidade para explicar as coisas e para simplificar a ciência para nós leigos.

Eu acho que há uma diferença muito grande entre, há uma pessoa que por mais interessada que seja, mas não seja um médico, ainda lhes falta um alfabeto não é?

Nós não tivemos anatomia, não tivemos microbiologia, não tivemos farmácia, não tivemos uma série de coisas que tu tiveste e portanto poder perceber o que tu estás a fazer e o que é que estás a pensar, é super tranquilizador para mim, que sou super curioso.

Portanto essa parte da minha experiência é ótima.

Tu nunca te negas a responder às coisas, nunca dizes: ah isso é um disparate! Não se preocupe com isso! Deixe lá estar, que eu já vi o que tinha a ver!

Nesse aspecto, é precioso para mim, a ter esse retorno.

Depois em termos de diagnósticos, eu também não tenho queixas, porque nunca deixaste passar nada grave, que eu saiba.

Portanto, eles estão ótimos, estão super viçosos, estão super gordinhos e bem dispostos, sim.

Portanto, perguntei-te como é que decidiste ser médica.

E depois a pediatria em si, veio quando?

Foi ao longo da faculdade?

 

Eu sempre quis ser, sempre tive vontade, porque o meu pai é médico generalista.

Portanto eu sempre gostei da medicina generalista.

A vontade de ser pediatra surgiu mais tarde.

Eu sempre achei que tinha mais vocação para a área médica, do que a área cirúrgica. E eu adoro o desafio do diagnóstico.

Portanto este meu namoro com a pediatria, se calhar, começou mais no quinto ano da faculdade. Foi quando eu comecei a ter mais contacto com a pediatria, comecei a ver doentes pediátricos.

E portanto eu tive uma experiência muito gratificante de urgência pediatria, no Hospital de Santa Maria.

E depois tive a oportunidade de repetir esta experiência no sexto ano, tive mais autonomia.

E acho que foi aqui, que surgiu a minha grande paixão.

Obviamente, depois fiz o exame de especialidade, tive uma nota boazinha.

E permitiu-me, depois, escolher a especialidade no serviço que eu queria.

Que era precisamente o serviço de pediatria do Hospital de Santa Maria.

E foi aí que eu decidi o caminho que eu queria seguir.

 

É assim, é uma escolha muito particular.

Do meu ponto de vista, quando eu imagino, aqueles órgãos mínimos, aquelas veias super fininhas, o sofrimento numa criança é sempre mais doloroso do que ver o sofrimento no adulto.

Tu escolheres dar a tua face a esta responsabilidade e a estas dificuldades…

Eu acho que é uma escolha muito particular, percebes?

Também já tive bebés no hospital, a serem canalizadas veias e a colocarem-lhes oxigénio, e portanto aquilo é particularmente doloroso e complicado para aquelas pessoas que ali estão.

Vocês depois ficam anestesiados, aquilo passa a ser só mais um paciente ou tens de ter uma camada extra?

 

É assim tu como pai tens de… nós acabamos sempre por nos acostumar e nós sabemos que as crianças são muito resilientes e que têm esta capacidade de dar a volta, que é fantástica.

Eles hoje estão muito mal e amanhã estão excelentes, estão ótimos.

Mas eu penso que como o pai… eu sei, eu também sou mãe e também já vi a minha filha a ser picada e portanto sei perfeitamente que dói muito mais do que estivesse a doer a nós, do que a eles. Eles passa-lhes rápido, passa na hora, amanhã já nem se lembram.

Portanto, nós acabamos por ter um bocadinho esta noção, é assim, é para o bem deles, não é para o mal, não é?

Nós sabemos que estamos a fazer o melhor que podemos.

 

Claro.

Olha, tu tocaste num ponto interessante, tu própria és mãe.

Como é que tu achas, que a tua maternidade afetou a tua profissão? E o contrário também.

Como é que o facto de seres médica afetou a tua forma de seres mãe?

 

A que a profissão afetou a maternidade ou a que a maternidade afetou a profissão?

 

Isso, são as duas, sim.

 

Olha, eu fui mãe durante o internato, portanto estava a fazer a especialidade, estava no terceiro ano ia para o quarto ano.

E não foi nada fácil.

Eu tinha os meus pais, eu não sou de Lisboa portanto, os meus pais moram longe, não tinha o apoio dos avós, tinha uma avó paterna com uma vida muito ativa que não conseguia dar apoio.

E portanto, eu tinha.. quando voltei a trabalhar, depois da licença de maternidade, tinha 40 horas de trabalho semanal, com 24 horas de urgência, às vezes com alguns bancos extra.

E depois pelo meio, ainda tinha exames, relatórios e trabalhos para apresentar em congresso e múltiplas coisas para fazer.

E depois tinha uma bebé em casa, que precisava da minha atenção, não é?

Portanto foram anos muito duros, foram anos de muito trabalho, em que eu fiz o que pude para ser a melhor mãe possível.

E pronto, acabou por ser tudo muito gratificante no final, mas eu lembro-me que andava sempre muito cansada, sempre muito cansada e às vezes olho para trás e nem sei muito bem onde é que ia buscar tanta força para aguentar tudo.

Porque era muita responsabilidade.

Hoje a minha filha já está mais crescida e felizmente eu já consigo ter um horário mais tranquilo.

E portanto já consigo aproveitar da melhor forma possível e com a melhor qualidade do tempo que nós passamos juntas.

As coisas já estão muito mais toleráveis, não é?

A idade também não ajuda.

Depois o contrário.

Olha, eu acho que a maternidade altera completamente o nosso foco. A parentalidade, aliás tu és pai.

Muda completamente a nossa forma de ver a vida.

Eu acho que os filhos, são sem dúvida a melhor coisa que nós temos, dentro do nosso mundo.

E nós ensinamos lhes muitas coisas, mas eles também nos ensinam muitas lições ao longo da vida.

E portanto, eu acho que como pediatra, ser mãe tem um impacto muito positivo. É muito positivo, eu acho que não me imaginava… Eu acho que me ajudou muito na minha profissão, porque ser mãe, ou ser pai, não é? Ensinam que os nossos filhos não trazem livros de instruções.

E que nós, nem sempre conseguimos seguir à risca aquilo que está escrito nos livros.

Ou seja, às vezes na prática, é muito diferente daquilo que nós temos na teoria.

Ou seja, não existe uma certa forma de fazer as coisas, não vale a pena de sermos fundamentalistas, não vale a pena julgarmos os outros, sem tentarmos primeiro aquilo que disseste há pouco, que eu tentava sempre perceber e que nunca deixava…

Eu acho que dou muita atenção aquilo ao que os pais me dizem, porque os pais são quem conhecem melhor os filhos.

E portanto é aquilo que te digo, é assim a teoria, é tudo muito bonito na teoria, mas se o pai me diz que a criança não está bem, eu tenho de acreditar.

E portanto eu acho que a maternidade nesse sentido, tornou-me numa pessoa mais, se calhar, mais empática, mais tolerante, que consigo perceber melhor o outro lado, do que se calhar não fosse mãe, se calhar…

Não sei.

 

 

Ok.

Tu tens um estetoscópio e tens os teus aparelhos.

Tu achas que a tua filha é mais escutada que as outras crianças? Só porque tu sabes o que estás a fazer.

Tipo achas que vais escutá-la mais vezes, deixa cá ver.

 

Não, pelo contrário.

Graças a Deus, a minha filha tem sido muito saudável, mas não.

Eu só olho para ela, eu vejo-a saudável, ela corre, ela pula, ela salta, e eu: tá tudo bem.

Quando eu tenho as minhas dúvidas existenciais, falo com a minha amiga Sara.

Portanto ligamos uma para a outra. Ela comigo, eu com ela.

Olha o que é que tu achas disto? Ela queixou-se assim… Pronto.

Porque aqui há sempre a parte emocional envolvida.

E pronto.

Mas sou muito tranquila, sou muito tranquila.

 

Ok.

Como é que achas que nós pais, podemos ajudar o trabalho do pediatra.

Óbvio que sempre comunicar o melhor possível os sintomas e as preocupações.

Mas que mais?

Achas, que há alguma coisa que a gente possa fazer para vos ajudar?

Às vezes não é fácil de tar no teu lado, quer dizer, a criança não tem o vocabulário rico, não se sabe queixar.

O que é que nós podemos fazer para ajudar ou se calhar noutro campo.

 

É assim, eu tenho…

Eu acho que os pais… Portanto é muito variável.

Existem situações que nós não conseguimos avaliar, por… e se calhar já aconteceu contigo, não é?

Que os pais mandam esta mensagem ou aquela a dizer: o meu filho tem isto ou aquilo.

E às vezes esperam que nós consigamos resolver os problemas através das mensagens.

Infelizmente nem sempre conseguimos.

Então se for uma questão de pele, ou de uma suspeita de infecção..

É assim, eu acho que a criança é fundamental em determinadas circunstâncias que seja observada.

E depois tem muito a ver com a relação, que nós já temos haver com a família e da empatia que já temos com a família.

Eu sei que há pais, em que eu conheço melhor, não é? Com que eu sei que, se disser uma determinada coisa vão cumprir de uma determinada forma e outros que não.

Portanto isto é muito variável.

Agora, onde é que podem ajudar mais um bocadinho?

Às vezes serem um bocadinho mais seguros de si, às vezes eu acho que há famílias que são um bocadinho inseguras, estão sempre à espera que nós digamos tudo, que nós orientemos tudo.

Confiarem mais nas capacidades, nas suas capacidades parentais. E não esperarem que sejam sempre nós a dizer aquilo que tem de fazer.

Portanto nós só ajudamos aqui a orientar.

Pronto, às vezes há pessoas que não conseguem se quer, decidir o tipo de iogurtes que vão comprar, sozinhas.

Mais por aí.

Se calhar as pessoas começarem a confiar um bocadinho mais nas suas capacidades. Serem mais confiantes em si.

 

Ok.

Há alguma pergunta que tu gostes de ouvir particularmente?

Quer dizer, quando os pais vão com determinadas dúvidas, que tu te sintas, isto é um ótimo caminho, eu gosto imenso de responder a este tipo de perguntas ou é um bocadinho diferente, é tudo igual.

Eu sei que ao fim de 20 famílias por dia, se calhar já estás desligada.

Aquilo vale tudo.

Mas se calhar num dia de algo.

Como é que tu descreverias a consulta ideal, em termos de pai, mãe. Diz-me.

Isto é possível? Isto existe?

 

Não sei, se existe uma consulta ideal.

Eu acho que existem famílias com as quais é normal nós termos mais empatia, do que outras.

E acho que isso acontece, tanto connosco médicos como quem está do outro lado.

A mesma pessoa pode ir à minha consulta e não gostar da forma como eu atuo, e gostar de outro colega.

Eu costumo dizer sempre ao pais que, é muito importante que exista uma relação de empatia com o pediatra, porque o pediatra vai estar presente na vida deles sempre.

E para mim, eu vou ser honesta. Para mim é sempre mais fácil, eu quando sigo os bebés, como sigo os teus filhos, desde pequeninos, não é?

Desde recém nascidos, é muito mais fácil eu já conheço aquela criança, aquela como eu costumo dizer, é como se fossem também um bocadinho meus, eu também tenho ali um papel.

Obviamente, que aqueles doentes que me aparecem ou pacientes que me aparecem assim, 1 vez por outra, ou que mudam de pediatra consecutivamente, que há pessoas que não se conseguem orientar só com o médico.

Fica mais difícil, porque é mais difícil de conhecer a tal história da família, é importante nós termos esta noção.

Para se estabelecer uma relação de confiança, é importante..

Que nós tenhamos esta relação forte, sólida com a família.

Mas uma consulta ideal, acho que a consulta ideal…

 

Não existe.

 

As minhas consultas são todas ótimas…

 

São todas ótimas…

Olha, para aquelas pessoas que às vezes não conseguem, não sabem bem, distinguir um médico pediatra de um médico de família.

Às vezes há pessoas que estão totalmente à nora.

Como é que nós lhes podíamos descrever o que faz um pediatra? De forma muito simples.

 

O pediatra tem, para começar, nós temos 5 anos de especialização, não é?

Nós ficamos 5 anos a estudar a criança na sua vertente saudável, não é?

E na sua vertente doente, portanto…

O médico de família tem uns estágios ao longo da sua vida e nem todos gostam da criança.

Têm mais gosto pelas crianças, outros não, mas é completamente diferente.

Um médico familiar é uma especialidade generalista, eles veem adultos e crianças e nós só vemos crianças.

Só por aí…

Mas eu confio na medicina geral e familiar totalmente, para avaliar a criança saudável.

 

É assim, a diferença é enorme, quer dizer é super evidente, quem se vai debruçar sobre isto, vai perceber as diferenças.

Eu acho é que algumas pessoas não conseguiriam prever o que faz o pediatra.

Quer dizer, não conseguiam imaginar uma consulta de uma hora ou uma consulta de 20 minutos. Quer dizer, se tu pudesses explicar: Olha, eu se tiver muito muito pouco tempo, eu preocupo-me com estas 3 coisas ou estas 5 coisas, que eu tenho de ver sempre.

Se calhar um bocadinho para sensibilizar, não sei.

Aqui este pai imaginário que tenho aqui na minha cabeça, que não vai ao pediatra por alguma razão, pronto.

 

Não sei.

Mas querias coisas que…

 

Não sei. Se tivesses muito pouco tempo numa consulta, se não tivesses o tempo standard para uma consulta.

Só pudesses fazer duas ou três coisas muito rápidas.

O que é que farias?

 

É dificil.

A nossa experiência é tão grande…

Eu às vezes acho que olhamos para a criança e já sabemos se ela está bem ou mal.

É muito difícil eu dizer-te assim: ah, agora três coisas.

É fundamental avaliar o crescimento, mas isso o médico de família também consegue.

Às vezes, eles se calhar, preocupam-se com mais umas coisinhas, que nós, que para nós já são, que não são nada, porque nós já estamos habituados, porque nós já vimos muito.

Eu acho que é assim, o fundamental e nós sabemos é: desenvolvimento, o básico, não é? A base. Saber se a criança tem o desenvolvimento saudável e se tem um crescimento saudável.

Pronto.

E depois é assim, nós já temos a nossa experiência, é enorme, nós conseguimos perceber claramente. Nós sabemos imenso sobre patologia infantil, portanto o nosso conhecimento é muito vasto.

 

Muito bem.

Olha, Rita, há algum livro ou algum filme, que tu aches super recomendável para famílias, alguma coisa que te tenha marcado?

Pode ser a nível pessoal ou nível profissional.

Mas há algum conteúdo que tu nos pudesses dirigir? Ou não queres tocar nisso?

Eu sei que conhecimento é super vasto e às vezes é difícil estar a escolher.

 

Livros? Em que sentido, mas livros de puericultura? É isso que estás a querer dizer?

 

Quaisquer.

Olha, puericultura era super útil, pronto.

Mas pode ser outro qualquer.

Que te tenha marcado.

Pode ser um romance que tenhas dito: olha este é o protótipo do pai ou da mãe que eu gosto, isto é útil. Ou de puericultura também.

 

Hm, não sei.

Eu leio muitos romances históricos.

Ultimamente até nem tenho lido…

 

Coisas técnicas.

 

Não estou a ver nada, agora puericultura, olha gosto imenso do Hugo Rodrigues, do Pediatria para todos. Que lançou agora um livro.

E do professor Paulo Oom que tem o livro dos pais.

Os livros do Mário Coelho também são ótimos.

Só livros de puericultura.

Agora livros de romances com pais, não estou a ver..

 

Não queres tocar nisso, ok.

 

O que me lembro agora, não estou a ver, não.

 

Ok.

Qualquer dia também vais escrever um não? De puericultura.

Podemos contar com isso ou não?

 

Claro que sim, sim!

Só de parte.

 

Está bem.

Se pudesses colocar uma mensagem num cartaz gigante, que toda a gente pudesse ver.

Que mensagem escolhias?

 

Talvez, mais amor, mais união, mais empatia.

 

Ok.

Acho perfeito.

Recordas-te de algum falhanço importante, na tua carreira acadêmica ou profissional, que tenha sido precursor depois de um sucesso mais à frente, portanto uma história de superação que possas escolher. Nem sempre isto é fácil, mas eu acho que isto às vezes é super revelador.

Quando as pessoas conseguiram selecionar corretamente as prioridades, implementá-las.

Não sei se te lembras de alguma história desse tipo.

 

Falhanços, assim que me lembro, que eu considere..

Não foi bem um falhanço, na realidade foi a minha entrada em medicina dentária.

Eu entrei em medicina dentária e achei que eu ia gostar.

Pensei: ah pronto vou ter uma vida mais tranquila, mais leve, não vou ser médica, vou ser dentista e tudo bem.

E pensei que me ia acostumar e depois entrei na faculdade e fui caloira, e até estava a gostar dos amigos novos.

E entretanto comecei a perceber, à medida que… quando cheguei ao 2º ano.

Ainda fiz o 1º ano.

Quando cheguei ao 2º ano, comecei a perceber que eu não tinha a mínima vocação para ser dentista, pronto.

E eu fiquei num grande dilema e tinha a minha irmã em casa a estudar medicina. E via os livros e queria estudar mais coisas, eu não queria só restringir à boca e a minha irmã nessa altura teve… a minha irmã e os meus pais, obviamente, deram-me toda a força e disseram: não se quiseres voltar para trás, volta para trás.

E eu nesse ano consegui, deixei as cadeiras todas de medicina dentária para setembro, no segundo semestre. E fui repetir os exames para entrar em medicina e não entrei logo no primeiro, na primeira tentativa.

Só depois na segunda.

Tive a sorte foi de ter equivalência, consegui sempre passar os anos em medicina dentária, depois tive equivalência diretamente ao 2º ano.

Isto para mim, foi uma espécie de um falhanço, pronto.

Mas eu não desisti

Não consegui agora, mas vou conseguir, no próximo ano vou conseguir e consegui.

E hoje estou aqui e sou pediatra, que era o que eu queria e pronto.

Consegui concretizar os meus sonhos.

 

Excelente.

Perfeito.

Olha, ocorre-te alguma má recomendação?

Que costumas ouvir relacionada com a tua profissão, não obviamente da boca de outros médicos, que eu acredito que sabem o que estão a dizer, mas de outras áreas profissionais, se calhar…

Não sei, às vezes ouvires se calhar, professores a falar de nutrição fora de horas ou de atividade física ou de linguagem.

Alguma coisa que tu… algum mito na sociedade que tu gostasses de esclarecer?

 

Ok.

Agora de repente…

De repente só me lembro do mito da aranha.

Sabes o mito da aranh… não é o andarilho, aquilo é a aranha.

 

Ah sei sei sei sei, sim.

O aranhiço.

 

Pronto, o aranhiço exato.

Que é uma coisa que ainda está implementada nas lojas de puericultura.

Eu e a Sara até criamos um post, há pouco tempo sobre isso, porque ainda no outro dia, tive na urgência, um acidente com um miúdo com uma aranha, pronto.

Que os miúdos, aquilo além de atrasar a marcha.

De poder provocar problemas a nível da anca, ainda tem o risco de acidentes, aumenta o risco de acidentes domésticos.

Ainda no outro dia, tivemos o caso, de um miúdo que caiu, que se virou ao contrário na aranha. E um traumatismo craniano.

E portanto, este agora de repente foi uma das coisas que eu me lembrei.

Assim de nutrição e de, não tenho ouvido, não tenho… de professores, não tenho ouvido nenhuma má recomendação.

 

E se calhar aqui no campo das boas recomendações.

Eu no outro dia assisti a um podcast teu com o Carlos Neto.

Não foi bem um podcast foi mais uma conversa.

Sobre o brincar e o brincar não estruturado e ao ar livre.

Eu percebi que é uma coisa super positiva, que defendes.

Portanto não tens preocupações em relação a esse campo.

Tu recomendarias, portanto, expressamente aos pais que nos estão a ouvir, para tentar conquistar um pouco de tempo na família para irem para a rua. E portanto deixarem as crianças brincarem.

Com o Carlos Neto até não se importa que eles caiam de uma árvore e que escorreguem ao contrário de um escorrega. Eu sei que ele é, aliás, eu tenho hiper simpatia pelas coisas que ele diz.

 

Eu adorei ouvi-lo e ele…

É verdade, nós todos hoje em dia, somos todos pais muito preocupados.

Temos todos muito medo que os meninos se magoem e eu acho que ele é fantástico nesta perspectiva de que, assim realmente, deixamos correr, deixamos cair, magoarem-se, dentro da claro, rever as condições de segurança. Mas deixar que eles explorem um bocadinho mais o ambiente.

E até eu naquele dia também aprendi muito com ele.

O que eu acho, é que às vezes é difícil colocar em prática, no dia a dia, esta questão de ir com eles todos os dias para a rua.

Quer dizer, quem mora nas cidades, tem esta desvantagem não é?

Porque nós temos uma vida muito corrida, eu por acaso até tenho facilidade com o horário, mas eu percebo que existem pais. Tenho casos de pais saem de casa às 8 da manhã e chegam a casa às 7 (19).

Portanto, nesta altura já é de noite.

É muito difícil ir com o filho.

Mas sim aproveitar os fins de semana.

Acho que devem ser aproveitados ao máximo nos parques.

Agora não nos parques infantis, até porque os parques estão fechados.

Mas ao ar livre, na natureza.

Correr, andar, andar de bicicleta, andar de patins.

Ficar o mínimo de tempo possível nos tablet e à frente da televisão.

Acho que sim, temos até as crianças estão cada vez mais sedentárias.

Eu tenho imensos que entram no consultório com o nariz enfiado no tablet ou no telemóvel e saem com…

É incrível.

Temos que dar conselhos, mas estamos em casa, não..

 

Claro.

Quer dizer, temos aquele efeito de o que tu treinas, o músculo que tu treinas é o músculo que fica forte e o músculo que tu abandonas é o músculo que é podado, não é?

Aqui o efeito Browning, não é?

E o que o Carlos Neto diz, com muito carisma, é que é importante darmos às crianças um menu de movimento e o alfabeto completo de novas sensações, não é?

Portanto, estimular a psicomotricidade.

Epah, se não puder ser na rua, que seja dentro de casa.

Mas se deixarmos a criança realmente, hiper desenvolver…

 

Mas deixar o filho com a natureza até tem efeitos benéficos, até ao nível do sistema imunitário. E portanto é sempre bom que a criança vá explorar o ambiente, lá fora.

 

Claro.

Rita tinha aqui uma última pergunta.

Que é, quando te sentes assoberbada. Como é que fazes?

Que te recentras?

Tens alguma técnica ou algum segredo?

 

Olha, eu tenho uma vida um bocado complicada de vez em quando.

Eu tenho um horário, eu consegui agora um horário mais tranquilo.

Mas eu sou mãe e sou pediatra e não tenho como tinha dito já inicialmente, eu não tenho cá avós, não tenho aqui avós próximos.

E portanto, eu tenho que me organizar muito bem.

Conseguir fazer tudo e portanto, normalmente ando sempre uma check list, atrás de mim.

Já fiz isto, já fiz aquilo…

Mas há alturas em que eu fico completamente… é verdade, fico completamente sem saber, sem foco.

A maneira que eu tenho…

Olha, na era pré covid, eu ia muitas vezes para a quinta dos meus pais, de vez em quando, arranjo um fim de semana, vou para lá, fico lá, reorganizo-me, descanso e pronto. Organizo ideias.

Agora tem sido mais complicado.

Eu sou católica.

E agora olha, ultimamente tenho me dedicado mais à oração.

Há quem faça meditação, eu vou orando.

Tenho um guia, um diretor espiritual, com quem tenho falado mais e pronto é assim que eu vou gerindo.

Com calma, tentando me organizar da melhor maneira possível. E eu tenho conseguido.

Felizmente, até agora, as coisas têm corrido bem. Eu vou conseguindo fazer tudo aquilo que me proponho.

 

E além disso, ainda tens o teu blog, a tua página de Instagram.

Vocês são super generosas com o conteúdo que partilham e também há ofertas muita giras.

Volta e meia, arranjas lá uns giveaways espetaculares.

Que eu tenho de começar a concorrer mais, acho que tenho de ver se faço batota, se meto uma cunha para ganhar uns cremes ou uma coisa assim.

Olha, convidava as pessoas a visitarem o teu blog.

Chama-se Bê á bá da pediatria.

Eu vou deixar os links na descrição.

E pronto.

Espero que te sigam.

Super obrigado por este bocadinho, Rita.

 

Obrigado, eu gostei muito.

Eu já não te via há algum tempo, é verdade.

 

Sim, porque lá na clínica, não me têm deixado entrar. Não deixam entrar os 2 pais, com o bebé.

 

Só vai a mãe.

 

Ok.

Obrigado, Rita.

Boa noite.

 

Olha, beijinhos Nuno, gostei muito.

Obrigada

 

Beijinho e até breve.

Obrigado por tudo.

Até logo

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