Embora a situação ocorra do outro lado do oceano, penso que haverá motivo para reflectir sobre este assunto. E os ângulos de análise poderão ser diversos. Eu tenho pensando naqueles que são os “participantes à força”. Indiscutivelmente, está aqui em causa o bem-estar (global) de seres vulneráveis – bebés e crianças- que necessitam carinho, protecção e respeito. Eles serão separados dos seus pais, que depois do programa continuarão a ser seus pais, num momento crucial da sua vida. A separação dos pais ou de outro adulto cuidador de confiança, mesmo que por “apenas” três dias constituirá um período de stress para o bebé. Ele será entregue ao cuidado de alguém totalmente estranho e que, ao que parece, não tem também qualquer tipo de experiência no cuidado de bebés e crianças.
A investigação realizada ao longo de largas décadas tem demonstrado de forma consistente que a vinculação tem impacto quer no início da descoberta do “novo mundo” após o nascimento, quer em padrões de relacionamento posteriores, na idade adulta. O bebé necessita dos seus cuidadores, em quem confia, para se sentir seguro para explorar e conhecer o mundo que o rodeia, para se conhecer a si próprio e para estabelecer relações com os outros. Num dia aprendo a confiar numa pessoa… Noutro dia essa pessoa desaparece e surgem outras pessoas que não conheço e que não me conhecem. Depois volta a aparecer… Estou confuso. O que sentir? O que pensar? Apesar de não falarem, estes bebés terão muito a dizer… E arranjarão forma de se manifestar. No presente e no futuro.
