O desenvolvimento da Linguagem, a capacidade de produzir e compreender os conceitos usados na comunicação que se sabe ser visual, corporal, expressiva e até invisível, é um processo de uma enorme complexidade, que só se encontra bem desenvolvida nos humanos.
Desde o primeiro dia que o bebé se tenta expressar através da comunicação verbal, mesmo para lá do choro. E desde antes de nascer que o bebé ouve esta estranhíssima coisa que é a voz humana e as palavras dos vários idiomas. Ouve tons e sons, timbres e melodias, o canto dos pais.
O bebé recém-nascido ouve os sons que o circundam (que até já ouvia na barriga da sua mãe) e vai começando a aprender a emitir sons. Primeiro apenas sons guturais, aos poucos passa a dissílabos e por volta dos 8-9 meses já consegue dizer fiadas de sílabas.
Entre os 9 e os 12 meses frequentemente diz a primeira palavra e compreende ordens e aos 18 meses tem entre 6 e 26 palavras e percebe muitas mais.
Aos 2 anos junta duas palavras para formar frases e começa a interagir mais com o outro e a linguagem tem um surto de expansão ficando a sua língua mãe consolidada por volta dos 3 anos.
A aprendizagem da linguagem necessita no entanto de treino interactivo. A simples exposição passiva, como a obtida pela exposição à televisão, permite a integração de mapas de sons mas não estimulam a sua utilização ou produção. Seria como dar um livro a uma criança de 3 anos e esperar que do simples acto de o folhear aprendesse espontaneamente a ler.
Estudos recentes mostraram que por cada hora de exposição das crianças à televisão (sobretudo crianças abaixo dos 4 anos), essa criança ouve menos 770 palavras e há uma redução de 15% de episódios de interacção e de estimulação da linguagem causando uma redução proporcional da produção de sons pela criança.
A interacção é fundamental na estimulação da fala e conversar com a criança, partilhar leituras de livros, estimulá-la a comunicar é a melhor forma de optimizar o seu potencial linguístico. Não se esqueça que o tempo que dedica ao seu filho nunca é um tempo perdido e por isso dedique-se sempre que possível a brincar com ele, a conversar e a interagir!
Por Drª Mónica Pinto, Pediatra de Desenvolvimento